Vamos plantar árvores sadias
A proposta da redução da maioridade penal voltou a ser discutida no Senado após o assassinato do menino João Hélio Fernandes Vieites, de seis anos. O fato, ocorrido na noite do dia 7 de fevereiro deste ano, reacendeu as discussões sobre o tema, mas não conseguiu promover um debate conciso, substancial, no qual argumentos e dados fossem expostos e analisados de forma responsável e racional.
Em primeiro lugar, acredito que a idade estabelecida como maioridade penal não foi baseada na possível noção que adolescentes têm sobre o que é certo e o que é errado. Por isso, acho inválido o argumento de que o direito ao voto, que adolescentes de 16 anos possuem, deveria condizer com imputabilidade penal.
Uma pesquisa divulgada em janeiro de 2004 pela Coordenadoria de Análise e Planejamento (CAP) da Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo, um dos pólos de violência no país, diga-se de passagem, mostrou que os menores de 18 anos são responsáveis por cerca de 1% dos homicídios dolosos em todo o Estado. Eles também estão envolvidos em 1,5% do total de roubos e 2,6% dos latrocínios (roubo seguido da morte vítima). Temos que concordar que, cada vez mais, adolescentes e crianças que não atingiram a maioridade penal têm participação direta ou indireta em diversos tipos de crimes. Porém, a redução da imputabilidade penal não impedirá que o mesmo continue ocorrendo e poderá até mesmo piorar a situação.
Análises feitas pelo Movimento Nacional de Direitos Humanos revelaram que aproximadamente 70% das legislações do mundo estabelecem um critério de 18 anos para idade penal. E, assim como o ECA, Estatuto da Criança e do Adolescente, lei fundamentada em diversas declarações e convenções dos Direitos Humanos e que oferece proteção integral à criança e ao adolescente, definem medidas sócio-educativas por um período curto. Os estudos também mostraram experiências de países que reduziram a maioridade penal e não obtiveram redução na criminalidade.
Todos nós sabemos que o sistema prisional é desumano e que as chances de regeneração e de reintegração ao convívio em sociedade são poucas. O sistema de punição para menores infratores atual pelo menos dá (ou tenta dar) uma chance ao adolescente de ainda sonhar com um futuro através de medidas sócio-educativas. O que desencadeia a onda de violência, hoje aparentemente incontrolável, sem dúvidas é a desigualdade social. Logo, a solução estaria em corrigi-la, ou seja, trabalhar na base do problema, em sua raiz. Porém, o que se faz hoje, e o que muitos querem continuar fazendo, é podar o topo. Deixa-se a árvore dos problemas crescer e cortam-se seus galhos, solução mais prática, porém ineficaz, já que nada é resolvido nunca e entra-se num ciclo interminável.
Outro ciclo infindável seria desencadeado caso a redução da idade penal fosse aprovada. Inclusive, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu resumi-lo muito bem em uma de suas declarações a respeito do assunto. Disse ele que, caso seja aceita a diminuição da imputabilidade penal para 16 anos, por exemplo, daqui a algum tempo estará se pedindo a redução para 14 anos de idade, depois para 12 e assim por diante. Até que chegaremos num ponto em que não teremos mais a quem culpar. E aí? Será que finalmente todos se conformarão de que não adianta podar os galhos das árvores doentes e que a solução está realmente em trabalhar na raiz do problema, ou seja, assegurar direitos básicos e oportunidades? Espero que sim. Mas espero que não seja necessário chegar neste ponto para que isto seja percebido. Ainda está em tempo de plantar árvores sadias e de curar as doentes.
Em primeiro lugar, acredito que a idade estabelecida como maioridade penal não foi baseada na possível noção que adolescentes têm sobre o que é certo e o que é errado. Por isso, acho inválido o argumento de que o direito ao voto, que adolescentes de 16 anos possuem, deveria condizer com imputabilidade penal.
Uma pesquisa divulgada em janeiro de 2004 pela Coordenadoria de Análise e Planejamento (CAP) da Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo, um dos pólos de violência no país, diga-se de passagem, mostrou que os menores de 18 anos são responsáveis por cerca de 1% dos homicídios dolosos em todo o Estado. Eles também estão envolvidos em 1,5% do total de roubos e 2,6% dos latrocínios (roubo seguido da morte vítima). Temos que concordar que, cada vez mais, adolescentes e crianças que não atingiram a maioridade penal têm participação direta ou indireta em diversos tipos de crimes. Porém, a redução da imputabilidade penal não impedirá que o mesmo continue ocorrendo e poderá até mesmo piorar a situação.
Análises feitas pelo Movimento Nacional de Direitos Humanos revelaram que aproximadamente 70% das legislações do mundo estabelecem um critério de 18 anos para idade penal. E, assim como o ECA, Estatuto da Criança e do Adolescente, lei fundamentada em diversas declarações e convenções dos Direitos Humanos e que oferece proteção integral à criança e ao adolescente, definem medidas sócio-educativas por um período curto. Os estudos também mostraram experiências de países que reduziram a maioridade penal e não obtiveram redução na criminalidade.
Todos nós sabemos que o sistema prisional é desumano e que as chances de regeneração e de reintegração ao convívio em sociedade são poucas. O sistema de punição para menores infratores atual pelo menos dá (ou tenta dar) uma chance ao adolescente de ainda sonhar com um futuro através de medidas sócio-educativas. O que desencadeia a onda de violência, hoje aparentemente incontrolável, sem dúvidas é a desigualdade social. Logo, a solução estaria em corrigi-la, ou seja, trabalhar na base do problema, em sua raiz. Porém, o que se faz hoje, e o que muitos querem continuar fazendo, é podar o topo. Deixa-se a árvore dos problemas crescer e cortam-se seus galhos, solução mais prática, porém ineficaz, já que nada é resolvido nunca e entra-se num ciclo interminável.
Outro ciclo infindável seria desencadeado caso a redução da idade penal fosse aprovada. Inclusive, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu resumi-lo muito bem em uma de suas declarações a respeito do assunto. Disse ele que, caso seja aceita a diminuição da imputabilidade penal para 16 anos, por exemplo, daqui a algum tempo estará se pedindo a redução para 14 anos de idade, depois para 12 e assim por diante. Até que chegaremos num ponto em que não teremos mais a quem culpar. E aí? Será que finalmente todos se conformarão de que não adianta podar os galhos das árvores doentes e que a solução está realmente em trabalhar na raiz do problema, ou seja, assegurar direitos básicos e oportunidades? Espero que sim. Mas espero que não seja necessário chegar neste ponto para que isto seja percebido. Ainda está em tempo de plantar árvores sadias e de curar as doentes.
2 Comments:
devido ao nivel polemico deste tema reservo o meu direito de mudar de opinião nu futuro...heheheh
Acredito que a diminuição de menor idade penal para 16 anos é necessaria, pelo menos para um efeito de curto prazo. Tenho conversado com varios brigadianos aqui em porto alegre, é uninimidade entre eles o fato de que muitos adolecentes estao se aproveitando desta impunidade para cometer crimes, nao nessariamente latrocinios, mas iniciam com pequenos furtos, que com o tempo vao se tornando crimes ainda mais pesados.
Desigualdade social pode ser um fator, mas realmente não é decisivo, pois se tomarmos por medida uma favela veremos que a minoria é que pertence ao mundo do crime...mas a grande parte trabalha, portanto não é uma boa justificativa. É a mais fácil, colocar a culpa na sociedade e se isentar do resto. Acredito que a violencia começa dentro de casa, onde inicia a educação. Obviamente nao temos qualidade nenhuma no ensino, e por isso muitos pais nao sabem educar os proprios filhos.
Seguindo no tema de desigulade social. Não é só o pobre que rouba, o rico e o filho de classe media, que rouba os pais para comprar drogas também comete crime. Vemos filhos matando pais por dinheiro, estudante de universidade particular traficando droga para dentro da sala de aula...não é exclusividade dos pobres. Obvio que para muitos é a unica saída para sobreviver, mas o estado, que é tão gigante, que absorve montantes de dinheiro se mostra cada vez mais ineficiente.
Os pobre politicos roubam, desigualdade social? Obviamente não. É do carater de cada um, que é formado ao longo da vida.
Os pais tem que educar mais e deixar de cobrar só do estado, mas claro, sem amolecer, pois se o estado cobra tem q fornecer. Mas vale lembrar que na escola, ultimamente, o que menos se aprende são valores.
Para terminar, o jovem de 16 anos sabe sim o que é certo e o que errado. É ingenuidade pensar ao contrario. E o argumento do voto é perfeitamente coerente. Há algo mais importante na democracia do que a escolha dos representantes populares?
AS cadeias são ineficientes. Os presos nao geram seu proprio sustento e ainda ganham dinheiram e traficam de dentro de presídios.
Os garotos de 16 anos sabem que não se usa drogas, rouba ou mata. Mas em uma sociedade que há regras elas devem ser respeitas, e que nao consegue viver em sociedade deve ser retirado dela.
Poderia escrever dias sobre este assunto, mas vai ficar pesado de ler...heheh
outro dia conersamos sobre o tema la na faculdade heheh
t cuida Gi
bjoos!
Atualiza, atualiza, atualiza, atualiza...Atualiza, atualiza, atualiza, atualiza...Atualiza, atualiza, atualiza.
ATUALIZA!
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