Monday, November 06, 2006

A história de vida de Sílvio Benfica

A história de Sílvio Luís Gomes Benfica não é comum. O jornalista de 51 anos de idade e 36 de profissão percorreu uma trajetória interessante, de quem já parecia estar predestinado a exercer o jornalismo. Benfica contou como começou a trabalhar no rádio e lembrou muitos acontecimentos que marcaram sua vida em entrevista coletiva realizada no dia 21 de outubro.

Com apenas 15 anos, Benfica começou a trabalhar em uma rádio, em Osório, sua cidade natal, por influência de seu pai, Agenor Benfica. “Ali eu aprendi que jornalista não tem feriado nem domingo”, lembrou o radialista. Aos 16 anos, se tornou responsável pelo sustento da família devido à morte de Agenor. Por causa disso, não pôde cursar o terceiro grau, algo que, hoje, é uma de suas frustrações. Benfica tem o segundo grau completo e é formado técnico em contabilidade. “Não vivi o ambiente efervescente da faculdade. Busquei superar a falta da parte teórica da profissão na prática e também pelo convívio com estagiários e jovens repórteres”, relatou o jornalista esportivo.
Quando percebeu que não tinha mais o que buscar, dentro dos estreitos limites de Osório, decidiu abandonar sua cidade natal, rumo à capital gaúcha, sem nada definido. Na época, 1980, a Rádio Farroupilha trabalhava com futebol. “Foi lá que me apresentei, encontrei o meu caminho”, contou o apresentador do programa Plantão Gaúcha. Um ano depois, o jornalista voltou para Osório, retornando a Porto Alegre em 1984, quando começou a trabalhar na Rádio Gaúcha.

A morte do pai

Agenor Benfica, pai de Silvio Benfica morreu aos 46 anos. Trabalhava na rádio, em Osório, mas não havia concluído nem o curso primário. “Mas ele tinha uma coisa que é fundamental no jornalismo: uma dose muito grande de informações. Ele buscava informação constantemente e tinha uma boa base de leitura”, justificou.
Aos cinco anos de idade, Benfica já acompanhava diariamente o ambiente de uma rádio, devido ao trabalho de seu pai. Aos 13, pediu que ele vendesse a bicicleta que havia ganhado dois anos antes para comprar um rádio. “Jornalista no interior, naquela época, passava muita dificuldade. Sob este aspecto, meu pai foi um guerreiro”, lembrou. Desde então, o radialista passou a escutar as principais rádios do país, até começar a trabalhar na área, já com 15 anos.
Aos 16 anos e meio, a adolescência deu lugar a vida adulta: devido à morte do pai, Benfica passou a sustentar sua família. Por isso, mudou radicalmente certos planos em relação aos seus estudos e não pôde cursar uma universidade. O que mentalizou, a partir dali, foi que o jornalismo seria a sua vida, ainda que não pudesse fazer uma faculdade. “Mas isso não me trancou. Eu realmente fui pra luta, sendo uma espécie de autodidata em jornalismo pra buscar a minha carreira, e que graças a Deus eu alcancei”, disse, orgulhoso.

Grandes coberturas

Silvio Benfica já cobriu quatro Copas do Mundo (as últimas quatro). Com exceção da Copa de 2006, acompanhava diariamente a rotina da Seleção Brasileira por mais ou menos 50 dias. Na Copa da Alemanha, Benfica ficou longe de casa por 30 dias. “Cobrir uma Copa do Mundo talvez seja a coisa mais importante para um jornalista esportivo”, afirmou Benfica, mas lembrou, também, a dor de ficar tanto tempo longe da família, trabalhando diariamente das nove horas da manhã até a meia-noite. “É um desafio”, ressaltou.
O radialista já cobriu, também, dois mundiais interclubes no Japão. O primeiro no ano de 1995, acompanhando o Grêmio, e o segundo em 1999, com a equipe do Palmeiras. Agora, prepara-se para ir ao Japão pela terceira vez em dezembro deste ano, para fazer a cobertura de mais um Mundial, que será disputado pelo Internacional.

O corte na Copa de 90

Uma situação, em especial, ficou marcada na vida do jornalista. Em 1990, Benfica preparava-se para sua primeira cobertura em uma Copa do Mundo. Ele iria pra Itália junto com a Seleção Brasileira (pela Rádio Gaúcha), quando estourou o plano Collor, que mudou a situação de muitas empresas. A RBS e a Rádio Gaúcha tiveram que fazer alguns cortes, em função da despesa, que aumentaria. “Sobrou pra mim, eu fui cortado. Não fui à Copa do Mundo, Foi uma situação muito dura pra mim”, lembrou.
Benfica passou uma semana sem ir à rádio, envergonhado, achando que o problema estava com ele. “Foi uma situação dura pra mim”. Achava que sua carreira estava terminando e chegou a pensar, inclusive, em abandonar a Rádio Gaúcha. O radialista, então, percebeu, que talvez tivesse que melhorar e que jornalista esportivo em de estar informado sobre tudo. “Um jornalista esportivo precisa ter um controle diário e absoluto de todas as informações esportivas que acontecem, afinal, esse é o seu meio, é o seu trabalho. Mas ele precisa também de um controle permanente sobre informações gerais, porque o jornalismo vira a qualquer momento”, salientou.

A rotina

Silvio Benfica apresenta um programa diário na Rádio Gaúcha, o Plantão Gaúcha, que vai ao ar das 22h30 até a meia-noite. O Plantão é considerado por ele um programa híbrido, pois trata de jornalismo, em geral, e termina focado no assunto esporte. “Hoje, talvez seja o único ou um dos poucos programas híbridos do rádio no RS. Estou neste programa há 13 anos”.
O radialista chega em casa a meia-noite, mas garantiu que só consegue dormir por volta das 3 horas da manhã. Às 6h45, já está de pé novamente para entrar no ar no programa Gaúcha Hoje. No resto dia, Benfica disse dormir mais duas horas e ler muito, trabalhar pelos projetos dos programas, entre outras atividades ligadas à área. “É uma rotina meio louca”, afirmou.
Apesar de já ter em seu currículo tantas conquistas, Benfica disse almejar seguir fazendo grandes coberturas, cobrindo grandes eventos. “O jornalismo é um desafio constante. Isso que me dá força pra continuar”, finalizou Benfica.

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