O Carteiro
Que a revolução tecnológica que estamos vivendo está mudando o mundo, a forma de vê-lo e, principalmente, de vivê-lo, todo mundo sabe. A cada dia surgem novas máquinas que prometem deixar a vida bem mais fácil e rápida. Não que isto seja verdade, já que eu, particularmente, acho que uma senhora de setenta anos não teria facilidade (e acredito que nem mesmo interesse) em manusear micro aparelhos, com mil e uma utilidades. Porém, este é o presente que nos cerca e o futuro que vai invadindo nosso dia-a-dia devagarzinho.
O surgimento de uns ameaça a sobrevivência de outros. Máquinas digitais estão tomando o lugar das analógicas. Conseqüentemente, a venda de filmes para estes equipamentos, já considerados ultrapassados por muitas pessoas, também está com seus dias contados. Que o cinema perderia seu público para o conforto dos lares com a televisão digital, que os supermercados seriam finalmente trocados pelas compras através da internet (como já está acontecendo), entre outras coisas, é o que dizem especialistas, teóricos e comentaristas de botequim mais radicais sobre o assunto. Enfim, um grande “salve-se quem puder” está muito mais próximo do que podemos imaginar.
Em meio a este turbilhão de informação e de mudanças, alguém foi esquecido neste processo. Nunca foi citado, sequer lembrado em nenhum texto, debate ou entrevista sobre o tema. Nem mesmo os comentaristas de boteco, que têm uma visão muito mais esmiuçada e menos esnobe que especialistas sobre todos os assuntos – desde a capa da Revista Playboy do mês, até a última medida provisória do Presidente da República - arriscam-se a falar dele. Ele, que trás informação, notícias boas e ruins sem pedir licença; ele que é discreto, mas que, muitas vezes tem que sair às ruas reivindicando seu direito de não ser mordido por cachorros mimados e histéricos durante o trabalho; sim, ele mesmo, o carteiro!
Existe alguém com menos de vinte e um anos que já tenha mandado uma carta para alguém? Assim, com selo e tudo, e colocada em alguma caixinha dos Correios? Espécie rara, em extinção. Afinal, o e-mail é muito mais rápido, prático, quase uma conversa instantânea. Em poucos minutos emitimos a mensagem e recebemos a resposta. A prioridade é a velocidade e o nosso personagem, figura quase fardada de jogador da Seleção Brasileira, não dá conta do recado. Não que isto seja culpa dele - de jeito nenhum - mas é ele quem vai arcar com as conseqüências. Os e-mails e outros tipos de conversas instantâneas, possíveis graças à grande rede chamada Internet, se tornam cada vez mais comuns, quase tão automático como escovar os dentes após as refeições. As cartas, coitadas, que já se restringem a cobranças, catálogos e promoções de lojas, padecem pela incerteza de seu futuro e do de seus donos temporários.
A verdade é que os carteiros, andarilhos com destino certo, também estão no fim dos seus dias e ninguém faz nada. Na melhor das hipóteses, vão se limitar à entrega de pacotes maiores e não mais aqueles papéis coloridos, muitas vezes perfumados, com uma infinidade de letras e formas, desenhos, fotos... Alguém aí tem o telefone daquela senhora de setenta anos do primeiro parágrafo deste texto?
O surgimento de uns ameaça a sobrevivência de outros. Máquinas digitais estão tomando o lugar das analógicas. Conseqüentemente, a venda de filmes para estes equipamentos, já considerados ultrapassados por muitas pessoas, também está com seus dias contados. Que o cinema perderia seu público para o conforto dos lares com a televisão digital, que os supermercados seriam finalmente trocados pelas compras através da internet (como já está acontecendo), entre outras coisas, é o que dizem especialistas, teóricos e comentaristas de botequim mais radicais sobre o assunto. Enfim, um grande “salve-se quem puder” está muito mais próximo do que podemos imaginar.
Em meio a este turbilhão de informação e de mudanças, alguém foi esquecido neste processo. Nunca foi citado, sequer lembrado em nenhum texto, debate ou entrevista sobre o tema. Nem mesmo os comentaristas de boteco, que têm uma visão muito mais esmiuçada e menos esnobe que especialistas sobre todos os assuntos – desde a capa da Revista Playboy do mês, até a última medida provisória do Presidente da República - arriscam-se a falar dele. Ele, que trás informação, notícias boas e ruins sem pedir licença; ele que é discreto, mas que, muitas vezes tem que sair às ruas reivindicando seu direito de não ser mordido por cachorros mimados e histéricos durante o trabalho; sim, ele mesmo, o carteiro!
Existe alguém com menos de vinte e um anos que já tenha mandado uma carta para alguém? Assim, com selo e tudo, e colocada em alguma caixinha dos Correios? Espécie rara, em extinção. Afinal, o e-mail é muito mais rápido, prático, quase uma conversa instantânea. Em poucos minutos emitimos a mensagem e recebemos a resposta. A prioridade é a velocidade e o nosso personagem, figura quase fardada de jogador da Seleção Brasileira, não dá conta do recado. Não que isto seja culpa dele - de jeito nenhum - mas é ele quem vai arcar com as conseqüências. Os e-mails e outros tipos de conversas instantâneas, possíveis graças à grande rede chamada Internet, se tornam cada vez mais comuns, quase tão automático como escovar os dentes após as refeições. As cartas, coitadas, que já se restringem a cobranças, catálogos e promoções de lojas, padecem pela incerteza de seu futuro e do de seus donos temporários.
A verdade é que os carteiros, andarilhos com destino certo, também estão no fim dos seus dias e ninguém faz nada. Na melhor das hipóteses, vão se limitar à entrega de pacotes maiores e não mais aqueles papéis coloridos, muitas vezes perfumados, com uma infinidade de letras e formas, desenhos, fotos... Alguém aí tem o telefone daquela senhora de setenta anos do primeiro parágrafo deste texto?
5 Comments:
Tá aí. Nunca tinha pensado no carteiro. É a máquina tomando o lugar das pessoas. A evolução tecnóligca é cada vez mais responsável pela substituição de gente por aparelhos dotados de mil e uma utilidades. O cobrador do ônibus vai parar onde?? Vai ser só passar o cartão na catraca e tá feito. Já pode escolher em que banco vai sentar no ônibus. A tecnologia invade nossas vidas sem pedir licença. Ela vai simplesmente chegando, e quando vemos já não sabemos mais viver sem. É o computador, por exemplo. Ele veio, as pessoas se acostumaram e agora quem é que trabalha sem essa geringonça?? Têm mais pessoas que trabalham com do que sem ele. Para os jovens claro que é mais fácil, mas para os de que mais idade é um perengue só. Parece, realmente, um bicho de 7 cabeças.
Dae Gi.
Ótimo texto, realmente gostei. Sobretudo da forma leve com que tu conduziste ele..adorei! heheh
Realmente acho q melhoras vem e pra melhor. Agora depende da forma como consideramos isso...Afinal o e-mail é muito mais rapido e eficiente, mas depende do assuntos que queremos tratar. Sinceramente nao acredito que os carteiros irão desaparecer. Até porque sempre havera entregas, mesmo os pacotes do sedex e aquelas infernais malas diretas que as lojas insistem em mandar.
Tudo que é bom se acomoda e permanece com o tempo. Apesar de micro-ondas, comidas congeladas, tele-entregas e todas as tecnologias, ainda hoje nao há quem resista a uma comida de mãe ou avó...
Acho que esse fato deve servir de inspiração...afinal e-mails recebemos todos os dias...mas que é uma bela surpresa, no meio de varias contas e malas diretas, encontrar uma carta perfumada endereçada a nós...ah, é muito agradavel.
Fica entao a cargo da criatividade...
e ate que me deu vontade de enviar uma carta...heheheh
Acabei de atualizar meu blog..entra la e comenta.
www.fernando-teixeira.blogspot.com
bjooos
Ah, e no www.objecoes.blogspot.com
tem uma cronica bem interessante!
Você realmente não pesquisou sobre o assunto. Sua histotinha só faz sentido para pessoas desatualizadas e que não possuem nenhuma profundidade teórica sobre a questão. Na realidade, o setor de correspondência só tem aumentado de volume a cada ano no Brasil. É verdade que a carta perdeu o seu sentido clássico, no entanto acompanhou as mudanças ocorridas com o desenvolvimento digital. Quem vai entregar a compra realizada pela internet? Só não é uma empresa concorrente, porque está mais do que comprovado que os Correios, e consequentemente os carteiros, possuem a credibilidade e confiança que faltam aos Curries da vida. Períodicos, boletos bancários, malas diretas, etc...tudo hoje pode e, é entregue pelos carteiros.
Você realmente não pesquisou sobre o assunto. Sua histotinha só faz sentido para pessoas desatualizadas e que não possuem nenhuma profundidade teórica sobre a questão. Na realidade, o setor de correspondência só tem aumentado de volume a cada ano no Brasil. É verdade que a carta perdeu o seu sentido clássico, no entanto acompanhou as mudanças ocorridas com o desenvolvimento digital. Quem vai entregar a compra realizada pela internet? Só não é uma empresa concorrente, porque está mais do que comprovado que os Correios, e consequentemente os carteiros, possuem a credibilidade e confiança que faltam aos Curries da vida. Períodicos, boletos bancários, malas diretas, etc...tudo hoje pode e, é entregue pelos carteiros.
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