Thursday, June 14, 2007

Yeda e Bush: investimentos acima de tudo

Chega a ser absurdo pensar que alguém que pode ser comparado a George W. Bush governa o Rio Grande do Sul. A atitude da governadora Yeda Crusius com relação à questão da silvicultura na metade sul do Estado pode ser comparada à decisão do presidente norte-americano de não assinar o Protocolo de Kyoto, documento que objetiva reduzir a emissão de gases poluentes, responsáveis pelo aquecimento global, nos países industrializados. A justificativa de Bush foi de que as medidas atrapalhariam a economia dos Estados Unidos. Yeda Crusius segue a mesma linha quando ignora o impacto ambiental causado pelo plantio de eucaliptos e apenas vislumbra vantagens econômicas no empreendimento.
O tema já vem sendo tratado desde a gestão do ex-governador Germano Rigotto, anterior à atual gestão. Na época, por causa do interesse de três empresas do setor de celulose e papel (Votorantim, Aracruz e Stora Enso) em realizar investimentos no Estado, Rigotto solicitou aos técnicos da Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEPAM) um estudo que delineasse as áreas apropriadas para a silvicultura no Rio Grande do Sul e mostrasse o impacto ambiental que seria causado pelo cultivo de eucaliptos em larga escala. O plantio, então, só poderia ocorrer mediante licenciamento baseado no zoneamento apresentado no estudo da FEPAM.
A partir daí, as tensões entre as empresas papeleiras e as leis ambientais do Estado só foram se agravando, culminando com a saída da ex-secretária Estadual do Meio Ambiente, Vera Callegaro. O zoneamento desagradou às empresas, que passaram a pressionar o Estado e a ameaçar a suspensão dos investimentos no território gaúcho.
Não seria má idéia, se for percebido o nível de prejuízo ao meio ambiente. Porém, a governadora do Rio Grande do Sul acha melhor renunciar às leis de proteção ambiental e ceder às pressões, privilegiando uma elite empresarial. Justamente em um momento em que o tema referente à proteção do meio ambiente está em evidência a economista, sem pudor nenhum, explicita sua tomada de posição que privilegia o desenvolvimento econômico acima de qualquer outra questão, escondendo-se sob a justificativa de dar atenção a uma área carente de investimentos. Yeda apóia medidas imediatistas que, num primeiro momento, podem até resolver um problema, o da falta de perspectiva da população da metade sul do Estado. Entretanto, a longo prazo, as medidas resultarão em um solo empobrecido, desidratado, quase impossibilitado novas plantações, e conseqüentemente prejudicanto os agricultores futuramente, além da enorme poluição gerada pela indústria papeleira. O governo e as empresas do setor apresentam números atrativos no que se refere à geração de empregos e cifras irresistíveis representando os investimentos econômicos no Estado. Porém, escondem estas questões controversas.
É muito mais fácil para a governadora se apoiar no desespero dos camponeses, que por falta de outras alternativas acabam abraçando o plantio de eucaliptos como uma esperança, se fazendo parecer como grande solucionadora da questão envolvendo a metade sul do estado. Na verdade, Yeda arranjou uma forma de escapar de ter que desenvolver outras políticas que exijam maior estudo e dedicação por parte do governo. Optou pelo caminho muito mais simples: o de flexibilizar leis que ainda pretendem ter algum controle sobre a depreciação do meio ambiente, marcar sua gestão como responsável por uma arrancada econômica e deixar como legado para os próximos governos e para as próximas gerações a difícil e demorada missão de converter a área desmatada e recuperar um solo quase inutilizável, para que os agricultores possam se dedicar a outras culturas também.
A flexibilização das leis ambientais evidencia o caráter elitista do governo, que privilegia grandes empresários e contribui para a sociedade se manter estruturada na busca pelo lucro e pela atração de investimentos, mesmo que tenha de passar por cima de questões vitais para o mundo inteiro.

2 Comments:

Blogger vitor said...

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7:12 AM  
Blogger vitor said...

hummm... é verdade. yeda e bush. ótima comparação.
:o)

7:13 AM  

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